segunda-feira, 20 de julho de 2009

Exercício: “Escrevam o que vos vier a cabeça em 5 minutos”

Um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete, oito, no9ve, dez, onze, doze, treze, catorze, quinze, dezasseis, dezassete…hum, se calhar é melhor não fazer isto até acabar o tempo…Amarelo, azul, vermelho, verde, lilás, roxo, púrpura, bordeaux, não me estou a lembrar de outras, nem me apetece sequer pensar. E agora escrevo mais o quê? Júpiter, Saturno, Úranos, Neptuno, Plutão…UPS! Plutão já não é! Até isso nos tiram das nossas memórias. Qualquer dia também dizem que o dezassete já não é um número ou que o bordeaux já não é uma cor! Pensando bem é uma cor com um nome estranho…hum, não sei se largo a caneta de continuo. Larguei para concertar a bota que me estava a incomodar. Pfff, que texto sem sentido, sem pensar, salta tudo cá de dentro como aquelas viagens de metro, em que entras em ti na primeira paragem e só despertas quando um velho amigo qualquer te interrompe esse pensamento tão profundo sobre o sexo dos anjos e diz: “Então? ‘tás aqui?”. E apetece-te responder:”Não, por acaso não estava…”. Mas ele ia ficar confuso e portanto limitas-te a responder: “Eu estou! E tu também, pelos vistos!”. Ele risse e continua a conversa de circunstância.

Passo seguinte:” Depois de ouvir os textos uns dos outros dêem uma continuação ao vosso. 3 Minutos”

Hmmm… pensando bem esta conversa de circunstância até começava a tornar-se interessante… cheguei a referir que esse amigo que me encontrou no metro e me interrompeu o pensamento era um antigo amor? Mas daqueles lá mesmo do princípio, daqueles em que as pessoas ainda não eram sequer o que são hoje, nem um bocadinho?
Ia ouvindo-o e transportou-me para outro sítio, desanuviou-me o espírito, fui-me embalando pelo que tinha feito nos últimos anos do meu desconhecimento… e quando menos esperei ele olhou de repente para o visor do metro: “7 rios! Tenho de ir” depois vemo-nos” disse ele. E eu só sorri, e disse-lhe adeus com os olhos. Podia ser que um dia ele me voltasse a adocicar o amargo despertar para a realidade.

Exercício:”Inspirando numa imagem escrever um texto em 10 minutos”

(imagem duma criança em primeiro plano com ar triste e compenetrado vestida de preto, com pessoas vestidas de preto atrás de si com guarda-chuvas abertos)

Olhou em frente, sabia que era a última vez que olhava para Guilherme, o seu melhor amigo desde sempre. Costumavam brincar na casa da avó dele, tardes inteiras, dias a fio.
E agora olhava, uma face inexpressiva, vazia. Olhou para baixo, respirou fundo e lembrou-se da última memória feliz de Guilherme nos minutos antes daquele acidente que lhe levara para sempre o melhor amigo. Falavam dos seus sonhos, falavam do curso que ambos iriam tirar. “Vamos dar uns óptimos médicos!”, dizia ele. Sonhavam com as namoradas que haviam de partilhar e as viagens que iriam fazer.
De repente, olhou para a frente, fixamente para o infinito e prometeu a si e a Guilherme que haveria de fazer tudo isso, por ele. E nos momentos de angústia, quando a falta de Guilherme o afligisse, agarrar-se-ia aos sonhos que ambos construíram para si. Mas nisto sentiu uma forte dor no coração e morreu também.

Exercício: “Estamos em tempo de guerra, e só existe um abrigo para 7 pessoas. Das seguintes quais escolherias para o abrigo e porquê.

Escreve uma declaração pública a comunicar a escolha.15 minutos”

Personagens:

1- Violinista, 40 anos, viciado em narcóticos
2- Advogado, 25 anos
3- Mulher do advogado, 24 anos, acabada de sair do manicómio
4- Sacerdote, 75 anos
5- Prostituta, 34 anos
6- Ateu, 20 anos, autor de vários homicídios
7- Cigano, 40 anos, contrabandista e traficante
8- Universitária, fez voto de castidade
9- Físico, 28 anos, possui uma arma
10- Declamador fanático, 21 anos
11- Modelos negra, 28 anos, claustrofóbica
12- Menina, 12 anos, baixo Q.I
13- Homossexual, 47 anos
14- Débil mental, 32 anos, com ataques epiléticos


Caros todos,
Infelizmente, não podemos ficar todos, portanto o meu critério teve de ser bastante frio e racional. O primeiro escolhido será:
O advogado. É novo, tem uma profissão útil para a sociedade e também me parece íntegro. Poderá ser uma mais valia dentro do abrigo assim como depois da guerra.
Por sua vez, a sua mulher, também nova, a quem foi dada uma segunda oportunidade de se encontrar. Procriem.
Ficará também o homossexual, que apesar de não ser novo teve uma vida honesta.
Em tempo de pânico surge por vezes a fé, por isso o sacerdote também foi escolhido. É sempre uma fonte de sabedoria e serenidade.
Não poderia deixar de escolher a menina, que apesar de não ser muito inteligente é alguém a quem não poderia privar de também conhecer o mundo. Afinal de contas também o que seria das pessoas inteligentes se não houvesse outras para contrabalançar?
Outra jovem a ficar é a universitária, pois também não a vou privar de um dia aprender o que são os prazeres da carne.
Por fim, alguém jovem, que apesar de declamador fanático poderá ajudar a unir este grupo com os seus pregões.
Para trás ficam aqueles que já viveram o suficiente para mostrar que não merecem a vida cá em cima, sim vocês: cigano, violinista e ateu, ou que têm alguma fraqueza impossível de conciliar com tudo o que se irá viver neste abrigo, desculpem lá modelo claustrofóbica e débil mental.
E tu, físico, até estavas na lista, mas depois contei melhor e reparei que estavas a mais! Desculpa lá mas sempre podes usar a tua arma cá fora para te defenderes!


Passo seguinte: “Agora troquem uma pessoa que fica com outra que sai. 5 Minutos para escrever a declaração”

Tive a pensar no assunto…
E senhor sacerdote, lamento mas não poderá ficar… fica talvez para uma próxima. Afinal de contas já viveu uma longa vida, terá de dar uma nova oportunidade a outra pessoa. Senhor violinista, traga o seu violino e venha dar um pouco de harmonia a este momento, espero que o tempo que passar no abrigo o faça reflectir e desfazer-se desse seu mal parado vício, afinal a vida não nos dá uma segunda oportunidade muitas vezes… As resto, boa sorte!

Exercício: “Qual o primeiro animal, instrumento musical e prato/bebida que se lembram? Façam um texto em que unam os três conceitos. 2 Minutos”

(Borboleta, piano, sushi)
Depois de renascer, experimentou o primeiro bater de asas, sentiu o ar elevado contra si e foi flutuando através do desconhecido. Era como estar naqueles recitais de piano que os nossos avós nos obrigavam a ouvir, mas que na altura não sabíamos entender. E agora já conseguia ouvir-lhe o sentido. Por detrás daquela capa escura, estava, afinal, algo puro por nascer.


Passo seguinte: “Agora façam o mesmo texto com os conceitos que a pessoa que está ao vosso lado escolheu. 2 Minutos”

(Gaivota, flauta, água)
E ela voou, nuvem após nuvem, apreciando o sabor do céu, apesar das suas asas cansadas, não interessava. A liberdade era o seu único objectivo. Nenhuma música poderia lhe soar melhor que o próprio som das suas asas, lembrava-lhe um som desigual de uma flauta que os artistas de rua usam. A sua liberdade era também a da água, tão ligada ao céu quanto a si.

Exercício: “Façam um desenho à vossa vontade. 10 Minutos. Depois do desenho feito pediram-nos para escrever o que o desenho nos suscitava. 7 Minutos”

(desenho de cara feminina e masculina, flores, formas geométricas, nuvens, etc.)
São três da tarde, telefona-me a Inês… pergunta-me como estou mas acho que não ouviu realmente a minha resposta. Já sabia o que vinha dali… o mesmo de sempre. Mais uma vez o namorado tinha feito asneira. Sinceramente não entendo o que é que ela ainda está a fazer com aquele tipo, “A vida é tão curta Inês…” dizia-lhe eu. Mas ela já não ouvia, tão embrenhada nas suas conclusões e certezas mais do que absolutas que a noite lhe mostrou. Se calhar é melhor sentar-se, pensei eu… Agarrei numa caneta e comecei a rabiscar um papel qualquer que por ali andava. Ela ia falando, falando… E quando desligou, verifiquei a maravilhosa obra-prima que dali tinha saído. Credo, que confusão, pensei. Amachuquei o papel e deitei-o no lixo. Acho que o devia ter levado à Inês, talvez ela assim entendesse o pouco nexo daquilo que está a viver. Bem não interessa.

Passo seguinte: “Completem os desenhos uns dos outros. 5 Minutos. De seguida refaçam o vosso texto tendo como base as alterações que as outras pessoas fizeram no vosso desenho. Mais 5 minutos”

(desenho de cara feminina e masculina, flores, formas geométricas, nuvens, mais formas geométricas, um sol, uma casa, mais flores)
Uma semana depois telefona-me a Inês de novo… desta vez nem hesitei e sentei-me logo, apanhei a caneta que tinha à mão e comecei a escrevinhar o do costume. Mais do mesmo, pensei eu, ela só poderia me estar a contar o mesmo, pois juro que o desenho estava a sair exactamente igual ao da semana anterior… Mas continuei a ouvir com esperança que ela entendesse que já me havia dito tudo aquilo, que não adiantava mais bater na mesma tecla. Enfim desligou, com a promessa do: “Amiga, juro-te que agora é de vez”. Está bem Inês, respondi. Olhei para o meu desenho e vi o mesmo, talvez um pouco mais elaborado, afinal de contas desta vez tinha me sentado mais cedo, é um facto. Mas o sentido era o mesmo. Desta vez não o rasguei. Talvez ela assim entendesse. Guardei-o para lhe mostrar. Há pessoas que só mesmo fazendo um desenho…

Passo seguinte: “Façam uma lista de todos os substantivos do segundo texto e passem-nos para a pessoa ao vosso lado. À frente de cada substantivo de cada lista escrevam outro substantivo que vos lembre o anterior”

Semana – Dia – Noite – copos – bairro alto
Inês – Sara – porca – babe – porquinho
Novo – velho – feio – belo – David
Caneta – lápis – borracha – pneu – preto
Mão – pé – coxo – muleta – bengala
Desenho – sonho – causa – paz – guerra
Esperança – fé – “zada” – karma – tanga
Tecla – rato – queijo – torradas – manteiga
Promessa – esperança – horizonte – longínquo – aqui
Amiga – velha – feia – bolo-rei – engorda
Pessoas – idade – anos – 23 - beijos

Passo seguinte: “Escolham um dos substantivos associados pelas outras pessoas e substituam no texto pelos vossos”

Uns copos depois telefona-me a Sara de novo… desta vez nem hesitei e sentei-me logo, apanhei o lápis que tinha ao pé e comecei a escrevinhar o do costume. Mais do mesmo, pensei eu, ela só poderia me estar a contar o mesmo, pois juro que a guerra estava a sair exactamente igual á da noite anterior… Mas continuei a ouvir com fezada que ela entendesse que já me havia dito tudo aquilo, que não adiantava mais bater no mesmo queijo. Enfim desligou, com a promessa do: “Velha, juro-te que agora é de vez”. Está bem Sara, respondi. Olhei para a minha guerra e vi o mesmo, talvez um pouco mais elaborado, afinal de contas desta vez tinha me sentado mais cedo, é um facto. Mas o sentido era o mesmo. Desta vez não o rasguei. Talvez ela assim entendesse. Guardei-o para lhe mostrar. Há idades que só mesmo fazendo uma guerra…


Passo seguinte: “Façam uma lista de todos os verbos do segundo texto e passem-nos para a pessoa ao vosso lado. À frente de cada verbo de cada lista escrevam outro/a verbo/palavra que vos lembre o/a anterior”


Telefonar – atender – fugir – correr
Hesitar – decisivo – hoje – futuro
Sentar – levantar – voar – gaivota
Apanhar – comboio – linhar – apanhar
Ter – nada – nadar – afogar
Começar – aurora – boreal – acordar
Escrevinhar – desenhar – riscar – desenhar
Pensar – lúcido – classificar – esclarecer
Poder – dinheiro – euro-milhões – enriquecer
Estar – sentar – cair – levantar
Contar – estórias – era uma vez – felizes para sempre
Jurar – pés juntos – juntas – prometer
Sair – dançar – pisar – montar
Continuar – estrada – estratificar – dividir
Ouvir – escutar – ensurdecedor – gritar
Entender – tudo – encher – esvaziar
Haver – sozinho – solidão – romper
Bater – carícias – apalpar – abusar
Desligar – luz – levar – apagar
Responder – mal – fazer – desfazer
Olhar – triste – alegre – chorar
Ver – observar – contemplar – avistar
Rasgar – força – forçar – agarrar
Guardar – segredo – confiar – magoar
Mostrar – abrir – fechar – soltar
Fazer – amor – amar – apaixonar



Passo seguinte: “Escolham uma das palavras associadas pelas outras pessoas e substituam no texto pelas vossas (com as alterações já feitas anteriormente)”

Uns copos depois, atende-me a Sara de novo… desta vez nem foi decisivo e levantei-me logo, linhei o lápis que afoguei ao pé e acordei a riscar o do costume. Mais do mesmo, clarifiquei eu. Ela só me enriquecera por cair com os felizes para sempre, o mesmo, pois prometo que a guerra levantava a dançar exactamente igual ao da noite anterior. Mas decidi a escuta com fezada que ela esvaziasse já na solidão dita tudo aquilo, que não empobrecia mais a abusar no mesmo queijo.
Enfim ela apagou, com a esperança do “Velha, prometo, agora é de vez”. “Cai bem Sara”, desfiz. Chorei para a minha guerra e observei o mesmo, talvez um pouco mais elaborado, afinal de contas desta vez afogava-me sentada mais cedo, é um facto. Mas o sentido era o mesmo. Desta vez não forcei. Confiei para lhe abrir. Talvez ela assim esvaziasse. Há idades que só mesmo apanhando uma guerra.

Exercício: “Continuem a história do seguinte texto. 5 Minutos”

…daqui a 10 minutos, depois de preencher estes cupões de prémio que o meu pai trouxe duma loja qualquer de candeeiros… com sorte depois destes 50 que já preenchi ainda somos capazes de ganhar algum abajur! Pensando bem nem percebo bem para pôr onde, já temos candeeiros em todas as divisões da casa… Acho que já é automática a sua sede de não dar o valor directo das coisas no próprio acto do seu apropriamento. O mais engraçado é que de facto ele vai ganhando e coleccionando objectos de que nem precisa… mas acho que é para se regozijar aos vizinhos.
Saí de casa com o bolso cheio e enfim me dirijo para os correios, pode ser que desta vez não ganhe.